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Videogame é aliado no tratamento fisioterapêutico de pacientes do INTO

Gameterapia ajuda a humanizar a recuperação de maneira lúdica.

Com os olhos fixos na televisão, o pequeno Samuel, de nove anos, equilibra o corpo sobre uma plataforma conectada ao videogame para atingir seu objetivo: guiar as bolas até que elas caiam no buraco. Pode parecer apenas diversão, mas a atividade faz parte do tratamento fisioterapêutico do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO).

Aliando o videogame à fisioterapia, a prática - chamada de gameterapia – vem sendo adotada para atender pacientes que passaram por cirurgias de alta complexidade, principalmente em crianças e adolescentes. Desde 2014, a área de fisioterapia já atendeu mais de 7.500 pacientes pediátricos e 30% deles tiveram a gameterapia incluída no tratamento.

“A gameterapia busca otimizar o condicionamento cardiovascular, a coordenação motora, a amplitude de movimento e o equilíbrio”, destaca o chefe da área de fisioterapia do INTO, Dângelo Alexandre. Ele explica que esta é uma terapia complementar, que não substitui as formas convencionais do tratamento, mas que contribui de maneira lúdica para a reabilitação do paciente.

Diagnosticado ainda na primeira infância com uma doença congênita conhecida como medula ancorada - patologia rara que impede o desenvolvimento do filo terminal medular levando à atrofia muscular -, Samuel passou por uma cirurgia no ano passado para corrigir uma deformidade nos pés, provocada pela doença. Há um ano em tratamento no INTO, ele chega empolgado às manhãs de segunda-feira no Instituto para realizar a fisioterapia.

“Eu fiquei feliz quando descobri que o videogame faria parte do meu tratamento. É muito mais divertido desse jeito, eu me sinto mais disposto e animado para começar a sessão”, relata o paciente.

Além dos estímulos mecânicos e neurofisiológicos, a gameterapia ajuda a tornar o acompanhamento fisioterápico ainda mais humanizado.

“A reabilitação é um processo que pode ser difícil e exaustivo física e mentalmente tanto para os pacientes quanto para os familiares. Por isso, a gameterapia é uma peça fundamental na humanização, promovendo acessibilidade e engajamento no tratamento”, ressalta Dângelo.

Para Cláudio de Melo, pai do Samuel, a combinação de fisioterapia com diversão faz diferença no tratamento. “Ele se recupera ao mesmo tempo que brinca. Isso torna as sessões mais leves e o motiva ainda mais a vir. Isso foi algo que o INTO nos proporcionou, que realmente mudou nossa visão sobre a fisioterapia”, comenta.

O fisioterapeuta Humberto Leal, que acompanha Samuel desde o início do tratamento, conta que o paciente sentia dores e dificuldades para caminhar e se equilibrar.

“O tratamento foi direcionado para que ele fortalecesse os músculos do tornozelo e ganhasse mais equilíbrio. Nós utilizamos um videogame que possui uma plataforma de força e permite visualizar o nível de equilíbrio da criança”, explica o profissional.

Para o fisioterapeuta, o grande diferencial é a possibilidade de utilizar um jogo comum, disponível comercialmente, para alcançar os objetivos da reabilitação na fisioterapia.

“Nós adaptamos os jogos às necessidades dos pacientes. Muitas vezes, adicionamos desafios à execução dos jogos, aumentando o nível de dificuldade da tarefa por meio de instrumentos como a cama elástica e a faixa elástica. Em determinada atividade, por exemplo, é estimulado um desequilíbrio intencional da criança para que ela ganhe mais velocidade de reação”, detalha Humberto.

Apesar da grande aceitação entre crianças e adolescentes, a gameterapia é um recurso que pode beneficiar pacientes de todas as idades.

“A gameterapia tem um apelo bem maior entre os jovens por conta da aproximação deles com a tecnologia e, por isso, nós utilizamos bastante na pediatria. Mas ela também pode ser indicada para pacientes mais velhos. Inclusive já tratamos idosos com a gameterapia e eles amaram”, conta o fisioterapeuta.

 

10/09/2021

 

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